segunda-feira, 19 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
A MATEMÁTICA NA SOCIEDADE
Educação Matemática Crítica: da Matemática para a Sociedade
A Matemática torna-se, muitas vezes, distante de seus significados e objetivos na
Educação Básica, devido à maneira como é abordada e a ênfase dada somente à simbologia e
não ao contexto, ou seja, ao fato de se apresentar como uma ciência isolada e que não está
presente no cotidiano. A Matemática vista dessa forma torna-se apenas uma ferramenta de uso profissional e científico e não uma linguagem usual e necessária para a vida dos estudantes na
compreensão do universo e da realidade que os cerca.
Na visão de Skovsmose (2001), ensinar uma Matemática mais significativa e voltada
para aos interesses sociais é educar democraticamente, visando alcançar a todos, para que a
sociedade possa participar, discutir e refletir as influências dessa ciência no dia-a-dia,
formando um cidadão crítico. A estrutura com que a Matemática é apresentada nas escolas
desarticula a educação crítica, descartando a possibilidade de envolver aspectos políticos na
Educação. Concretizar a Matemática, tirando-a da abstração, é envolvê-la na sua construção e
comunicação com a realidade, é torná-la uma ciência de uso cotidiano ao alcance de todos,
democratizando esse conhecimento.
A distância entre os objetivos previstos nos currículos e a realidade do aluno deve-se,
em geral, a uma forte abordagem mecanicista, a uma aprendizagem por repetição. O
entendimento e o significado dessa disciplina afastam-se cada vez mais da sociedade escolar.
Dessa maneira, a Educação Matemática perde o elo com a sociedade, os cidadãos deixam de
participar criticamente dos diversos empregos dessa ciência no dia-a-dia e na vida. Paulo
Freire defende esses pensamentos no trecho abaixo:
Eu acho que uma preocupação fundamental, não apenas dos matemáticos mas de
todos nós, sobretudo dos educadores, a quem cabe certas decifrações do mundo, eu
acho que uma das grandes preocupações deveria ser essa: a de propor aos jovens,
estudantes, alunos homens do campo, que antes e ao mesmo em que descobrem que
4 por 4 são 16, descobrem também que há uma forma matemática de estar no
mundo. (FREIRE apud D’AMBRÓSIO, 2006, p. 4).
A atual situação da sociedade exige uma formação crítica de indivíduos, relacionada à
política e aos problemas sócio-culturais, diferente do pensamento tradicional de formação de
alunos no antigo 2º grau (Ensino Médio), denominado “preparação para o trabalho”, existente
há alguns anos. Uma formação com ênfase na preparação para o trabalho não necessita de
tomadas de decisões e posicionamentos críticos, limitando o espaço para um conhecimento
reflexivo.
Os livros didáticos atuais trazem, na sua maioria, conteúdos contextualizados e os
currículos previstos para o ensino de Matemática mostram-se de acordo com esses ideais. A
sociedade evolui rapidamente e a Educação se encontra a alguns passos atrás, caminhando
lentamente na medida em que os educadores estão sendo alertados sobre as necessidades de
reavaliar as competências propostas pela Educação Matemática.
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